17 de novembro de 2009

Dúvidas

Um pequeno desabafo durante esta noite que se avizinha.. Gélida... Seca...
Observo atentamente as pessoas de outrora... Tão distantes... Tão diferentes... Será que perdemos? Não faço ideia. Confusões, distracções, falta de fé!
Porque será que só abrimos os olhos quando as perdas nos são esfregadas na cara? Porquê... Enfim... Temos que continuar a conviver lado a lado com as nossas decisões.. Quer tenham sido certas... Ou não...

10 de novembro de 2009

Houvera sempre antigos Reinos

Houvera sempre antigos Reinos,
onde a embriaguez dotava o espírito,
e o ponto isolado do espaço
era estrela sombria do universo.

Houvera pouco por onde andar
quando a razão perecia
e o espírito da verdade
sucumbia à decadência.

É hora de acordar,
de usar os cinco sentidos,
sentir a efémera evidência,
que perdurará infinita,
no profundo céu azul.

12 de outubro de 2009

Não seria necessário muito...

Não seria necessário muito, não estivessem as árvores esmorecido ao tempo solene e perdido as suas folhas, permanecendo despidas e desprotegidas, aos ventos fortes que a fúria da terra decide condenar a sua mais petulante criação. Não tivesse eu já perdido e longe, possuído de uma eloquência que o Ser exige, que toda a experiência impulsa, num acto que acontece, vago e obscuro, falsamente conduzido pelo o espírito que reclama a Revolução.
Não seria necessário muito, fosse eu uma virtude e o meio a minha razão. A minha certeza demonstrável axiomaticamente. E alma adormecesse num velho recanto, onde ninguém vai, onde ninguém procura, escondida, desaparecida, levando consigo aquele dia fresco e suave, quando o sol aquece e não queima, e o momento belo e sublime, aquele onde os sentidos inebriados trazem à terra o paraíso continuamente prometido.
Não seria necessário muito, se a procura dos conceitos inúteis, minúsculos ao olhar infinito do oceano, permanecessem invisíveis ao corpo mais sensível. Não seria necessário muito, não cantassem as estrelas, em vozes continuamente intermitentes, a frustração de estar longe, demasiado longe, de tudo aquilo que nos liga.

29 de setembro de 2009

Existe no Ar

Existe no ar uma certa opressão; Uma poluição escondida que invade as almas e as proibe-as de se vestirem da sua formosa e simples natureza. Confude-as. Dando-lhes uma falsa virtude desdenhando as suas ideias, repetindo as verdades em torno de uma lógica circular.

É cedo, e o mundo nasce aos meus pés; A manhã, ligeiramente temperada, com um gosto humido de um dia que se promete quente, encontra o meu rosto desengonçado, perene, enfrentando o infinito e imensidão de luz que o sol decide trazer. O dia expande-se, contorna-se em meu dorso, somos um, eu e ela, eu e o mundo, eu e as pessoas. Um uno heterogéneo, pertencentes a uma mesma epopeia, um sonho, um desvaneio, que se repete e repete, num ciclo perfeito, quase lógico, quase racional, não houvesse no seu ventre a inconstância, a emoção, o sentimento; Não houvesse nesse estreito caminho, no mergulho infinito da repetição, o momento livre, de opção instântanea; Compreender que existir é descobrir, que desistir não é falhar, e que morrer é viver.

24 de setembro de 2009

Quem sou Eu?


É uma boa questão... Quem sou Eu? Um nome? Andreia? Não.. Quantas "Andreia's" existem neste mundo e não são Eu. Poderão alguma vez na vida se assemelhar a mim? Creio que também não.

Mas então? Mantenho a questão: Quem sou Eu? Um corpo vivo que pertence a determinada espécie, "igual" a tantos outros. Tenho um nome que nada tem a ver comigo. Surgiu de um livre-arbítrio criado pelos meus pais há uns anos atrás! Lembraram-se de algo e nomearam-me para sempre. Mas.. então.. que serei Eu.

Eu sou um conjunto de acções e sentimentos num dado momento, num dado sítio, que influência e é influenciado por alguém ou por algo. Penso que em dada altura, todos n´´s questionamos acerca deste assunto. Por vezes de forma directa, outras de forma indirecta, escondendo a questão atrás de outras dúvidas/incertezas - Porque eu?   Só a mim é que isto acontece...

Eu sou as minhas memórias, as minhas paixões, os meus momentos, as minhas tristezas, os meus sonhos, as minhas alegrias, as pessoas que conheço, aquilo que faço, aquilo que falo, aquilo que escuto, aquilo que vejo. Sou aquilo que sinto, aquilo que quero, aquilo que tenho, aquilo por que luto. Sou os dias que vivo, a roupa que visto, o tempo que é só meu e tantas outras coisas.

Quem sou Eu?

Bem... Eu sou Eu!

12 de setembro de 2009

Imagine-se um espaço

Imagine-se um espaço. Uma qualquer plenitude infinita. Uma viagem eterna de ida e volta que se volta a repetir em mesma exactidão. Circunstâncias inalteráveis que permanecem porque nada pode interferir no seu destino. Uma história que se repete e se desfaz, mas nunca se conclui. Um ciclo vicioso.
É facil à razão satisfazer a minha arrogância transcendente e, presunçosa e confiante, demonstrar que mesmo o divino é fruto de uma lógica permanente.
Imagine-se um espaço. Onde a origem é o local de partida e chegada. E que cada simples momento se repete. E nada mais pode-se dizer.
Imagine-se e aceite-se algo que não posso aceitar.
O que representa o Homem neste espaço?
Se o aleatório é ilusão, se a escolha é mera confusão dos sentidos já ditados, que resta ao eu fazer para ser? Valerá à consciência elaborar um longo plano para o que já está determinado mesmo sabendo que longo plano já faz parte do planeado?
Imagine-se uma fotografia, a nobre e fragil fotografia que sempre existiu, e que instante a instante guarda o espaço num tempo que sempre existiu.
É espaço terrível de se imaginar. E é por isso, só por isso, que não o posso aceitar.

11 de setembro de 2009

Uma música



Nunca uma música me fez tanto sentido…

10 de setembro de 2009

A Formiga


Uma formiga, neste mundo de Gigantes, onde não basta apenas existir as árvores que se colocam no seu caminho, como também as terríveis ervas que teimam em crescer. Que enorme é a dificuldade em caminhar neste mundo cheio de degraus e obstáculos. A sorte da formiga é ser leve, ter seis patas e ter uma força descomunal. Quem diria que aquele bichinho tão pequeno consegue aguentar 50 vezes o seu peso. Para ela, este mundo de gigantes não é nada. Facilmente ela escala a erva ou a árvore, agarra o seu alimento sem a menor dificuldade e volta a casa.
Era excelente que o ser humano fosse como a formiga.

Talvez eu devesse ser uma formiga…

Gostava de ter uma força monumental para carregar com facilidade os fardos da vida. Correr ágil perante todos os obstáculos que me surgissem, subindo de forma incansável até ao topo do mundo e gritar: Venci! Andar pelo mundo fora sem ter que arrastar o corpo pesado por esse trilho. Ser incansável…

Mas que sou eu… Uma fraca formiga sem patas…
Nesta terra de Gigantes...

9 de setembro de 2009

A Natureza

Antes de tudo, gostaria de agradecer à Andreia por ter aceite o convite para a criação de um Blog. Penso que tal empreendimento será uma forma de evoluir e de crescer como amantes das palavras, dos sonhos e sobretudo dos sentidos. A Escolha do título, ou do nome ,do blog não foi uma tarefa simples, dado que existe uma quantidade absurda de "bloguistas". No entanto, após algumas tentativas chegou-se a um consenso. Sempre com a palavra Percepção em mente.
Deixo hoje aqui, um pequeno texto que escrevi à alguns dias atrás após ter concluido a leitura de alguns ensáios literários do Aldous Huxley, Autor que aconselho vivamente.
***
A Natureza transforma-se. E, mesmo assim, permanece. A sua cor muda, de face jovem e lisa de tons vivos e belos torna-se velha e rugosa. Mas os seus principios, a sua ideologia pagã, perpetua-se em todas as direcções, num sem tempo e sem espaço infinitos, onde a sua corrente flui, tão serenamente, como a mais jovem torrente, que formará um rio, que rumará ao mar, que se evaporá, e sobre todo planeta, as nuvens voltarão a derramar. Não são leis pré-estabelicidas aquelas que irão acontecer porque assim o algorítmo foi escrito. Haverá o vento, os tremores da terra assustada, as eventualidades que a rodeiam, e que por ordem de uma lógica superior, são impossíveis de contabilizar. E depois, volta a renovação, que tão bem ordenada, criando a ilusão, numa mente que assim o exige e reclama, que um ser superior transformou o morto em vivo, e toda a matéria que transpira luz e cor, perde-se, quando se olha para uma árvore apenas para a benzer. A Natureza é vulgar, não se complica, não sabe, ou será que sabe e não diz? Será necessário haver um todo que seja constituido por todas as partes, ou apenas existe todo, porque as partes tentam-se compreender num todo? Existe unicidade, o eu é um fraguemento material de uma circunstância, mas o eu, também por ser parte desse universo, uniforme, contínuo, e indefinidamente simples, é consequência de todas as relações necessárias à sua existência, e nesse sentido, está intimamente ligado com tudo o aquilo que o rodeia, do mais pequeno e desprezível calhau, à mais magnânima e formosa constelação.

7 de setembro de 2009

Dúvidas

"Poder-se-á querer ter alguém, sem querer também ser querido por essa pessoa?" Pergunta Miguel Esteves Cardoso, e pergunto-me eu, constantemente, a mim mesma.
Como posso eu lidar com um sentimento que não vejo reflectido no outro ser, objecto dessa emoção? Estranho ter de pensar nisto. Geralmente gosta-se, quer-se e pronto. Mas, nem sempre é assim…

É possível amar sem se ser amado? Não… Impossível! O amor... Aquele verdadeiro, só existe quando estão presentes duas pessoas, cada uma a contribuir para esse sentimento que, não é de uma, nem da outra. Mas, é possível sim, apaixonarmo-nos por alguém, sem sermos correspondidos. Acções, palavras, momentos, que nos apanham o coração, nos preenchem os dias, desde que acordamos. E quantas são as vezes que essa paixão nos assalta os sonhos sem que nós possamos fazer algo para contrariar…

Sorrimos, voamos, bailamos pela casa fora, cantando a essa emoção tão boa, tão especial. Acreditamos fortemente sermos as pessoas mais felizes à face da terra. E ninguém, repito, ninguém, conseguiria alterar esse pensamento. Passa a existir uma só pessoa no nosso Universo, tudo e todos estão viradas para ela, e nós, vivemos, respiramos, a vida dela, o ar dela.

Mas… Se de repente, por qualquer razão (in)justa, o alimento que saciava esse sentimento se esvanece no ar, largando-nos no chão frio, à mercê desse abutre que anda sempre à espera de uma falha, a Tristeza. O mundo desaparece da nossa vida. O ar queima a entrar dentro de nós. O Universo caí sobre o nosso peito, sufocando-nos… As lágrimas brotam dos olhos, tamanha fonte inesgotável. Dor… é o temos… Aliás… Dor e paixão… Dor pela paixão que sentimos. Paixão por algo que nos provoca dor… Estranho ou inevitável?

Deveríamos ou não lutar? Sim… sem dúvida alguma. Todo o ser humano busca a felicidade. Devemos nós, também, lutar por ela e, porque acreditamos que o outro ser é a nossa felicidade, deveremos correr atrás dele. Mas... é legítima essa luta? Depende da razão, dos sentimentos, da vontade. E aqui… já não somos só nós. Razão, sentimentos, vontade de ambos. Compreensão, perdão, união. Pontos-chave nesta luta, por vezes, desigual…

Desigual…

Constante obstáculo que cresce do outro lado e nos impede de vislumbrar um final feliz. Quando batemos incessantemente àquela porta que teima em não se abrir, em deixar-nos entrar de novo naquela casa, com a fome de lá habitar. Parte-nos o coração. E alimenta-se a tristeza. Tantas são as investidas falhadas mas, continuamos a tentar, tal moinho de vento que gira no vendaval sem descanso.

“Poder-se-á querer ter alguém, sem querer também ser querido por essa pessoa?"
Mantenho a resposta do autor. “Eu não sei”. Não posso saber. Sei que gosto, que quero, mesmo que a outra pessoa não corresponda ao mesmo sentimento. Por vezes acredito que seria mais fácil não podermos gostar de quem não nos quer… A vida nunca foi justa… E só temos aquele sentimento… que procuramos completar. Mesmo que provoque dor…

Hummm… Como te quero…